"Se alguém ler, avise meu pai!": uma mensagem em uma garrafa de uma menina que viajava no Titanic

por Roberta Freitas

21 Maio 2021

"Se alguém ler, avise meu pai!": uma mensagem em uma garrafa de uma menina que viajava no Titanic
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Não custa nada sonhar; às vezes, a imaginação e a fantasia galopam tão rápido que tudo o que produzimos em nossa mente fervorosa excede em muito as possibilidades da realidade cinzenta e monótona. Até a França, devastada como o resto do mundo pela crise econômica e a pandemia de Covid-19, quer voltar a sonhar, e o faz se apaixonando por uma curiosa mensagem encontrada dentro de uma garrafa que estava encalhada na costa sudeste do Canadá em 2017...

via Le Parisien

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Université du Québec à Rimouski/Facebook

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Uma família canadense, enquanto caminhava tranquilamente na praia da Baía de Fundy, no sudeste canadense, encontrou uma mensagem estranha lacrada dentro de uma garrafa; levados pela curiosidade, os familiares abriram a garrafa para ler as palavras impressas naquele papel velho e gasto: "Jogo esta garrafa ao mar porque temos que chegar a Nova Iorque dentro de alguns dias. Se alguém encontrar, avise o Família Lefebvre em Liévin!"

Essa carta foi assinada por uma certa Mathilde Lefebvre, uma menina de 13 anos, e a data que a mensagem trazia era 13 de abril de 1912, um dia antes do famoso naufrágio do Titanic...

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Université du Québec à Rimouski/Facebook

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Coincidência ou uma brincadeira perfeitamente elaborada? Qual foi a história por trás daquela mensagem na garrafa que a família canadense acidentalmente encontrou? Obviamente, a folha amarelada é objeto de pesquisas científicas há pelo menos quatro anos e os especialistas ainda não se pronunciaram sobre a veracidade histórica do pedaço de papel, mesmo que os primeiros resultados pareçam promissores.

O que parece certo, entretanto, é que a pequena autora da mensagem, Mathilde Lefebvre, de treze anos, era na verdade uma passageira do Titanic; o que Le Parisien revelou é a reconstrução da jornada intercontinental dessa família no início do século XX. Parece que Franck, o chefe da família, trabalhava como mineiro em Lièven, no norte da França; ele não ganhava muito, e por isso partiu em 1910 com um de seus filhos, então com 10 anos, para buscar um pouco de sorte nos Estados Unidos. Ele encontrou emprego como mineiro em Mystic, Iowa, de modo que dois anos depois ele foi capaz de pagar a viagem para os Estados Unidos para sua esposa Marie e seus 4 filhos restantes, incluindo Mathilde.

Store Norske Leksikon

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Se o estudo dos documentos oficiais da época havia confirmado a viagem no transatlântico da família Lefebvre, ainda se devia estabelecer se aquele papel amarelado era autêntico ou não. Alguns pesquisadores, apoiados pelos laboratórios da Universidade de Québec, deram os primeiros resultados animadores: a análise do vidro da garrafa parece realmente remetê-la ao início do século XX, assim como a tampa e o papel da folha em que a pequena Mathilde escreveu sua mensagem; até mesmo a análise do espectroscópio confirmou que a tinta usada pela garota era datada de 1912 com credibilidade.

As dúvidas, porém, vêm do estudo da caligrafia da adolescente: sua escrita parece muito fragmentada e nervosa, um detalhe raro para os jovens de sua idade daquele período histórico. Será que ela pediu para um adulto escrever aquela mensagem na garrafa para ela?

Picryl/Not The Actual Photo

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No momento, muitos detalhes parecem confirmar a veracidade dos materiais usados ​​para escrever essas palavras curtas, mas ainda não há confirmação de que possa realmente pertencer à garota que viajou no famoso Titanic, assim como o destino da mãe Marie e dos quatro filhos é desconhecido: eles sobreviveram ao naufrágio?

Mas esta é uma questão que, pelo menos por enquanto, só pode ser respondida por nossa imaginação.

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