Não perca tempo odiando quem te fez mal: ignore-o e vá além

por Roberta Freitas

15 Março 2019

Não perca tempo odiando quem te fez mal: ignore-o e vá além
Advertisement

Aconteceu com todos nós, de ficar furioso por uma ofensa recebida ou, em geral, de ficar bravo com o comportamento de alguém. Alguns de nós tentaram se vingar, enquanto outros pensaram "esqueça, ignore". No primeiro caso, a situação pode ter se agravado ainda mais, no segundo, teremos agido para o melhor - pelo menos de acordo com a filosofia budista.

Com uma história muito simples, nos mostra como nossa felicidade às vezes dependa de ignorar os outros.

pixabay

pixabay

Certa vez, um homem se aproximou de Buda e, sem dizer uma palavra, cuspiu em seu rosto. Seus discípulos ficaram com raiva.

Ananda, o discípulo mais próximo, perguntou a Buda: "Dê-me permissão para dar a esse homem o que ele merece!"

Buda limpou-se calmamente e respondeu: "Não. Eu vou falar com ele". E juntando as palmas das mãos em reverência, ele disse ao homem: "Obrigado. Com o seu gesto você me permitiu ver que a raiva me abandonou. Eu sou extremamente grato. Seu gesto também mostrou que Ananda e o outros discípulos ainda podem ser atacados pela raiva. Obrigado! Somos muito gratos a você!".

Advertisement
Unsplash

Unsplash

O homem não acreditou em seus ouvidos e ficou comovido: à noite, foi tomado por um tremor por todo o corpo e não conseguiu dormir.  Buda havia varrido todo o seu modo de viver e agir.

No dia seguinte, o homem retornou a Buda e, caindo a seus pés, pediu perdão por seu comportamento. O mestre explicou-lhe, no entanto, que não havia nada para perdoá-lo: "Como o fluxo do rio Ganges faz com que sua água nunca mais seja a mesma, então nem o homem é o mesmo de antes. Eu não sou mais a mesma pessoa a quem você fez alguma coisa ontem, e nem mesmo aquele que ontem cuspiu em mim está aqui. Não vejo ninguém zangado quanto ele. Agora você não é mais o mesmo homem de ontem, não está me fazendo nada, então, não tem nada que eu deva perdoar. As duas pessoas, o homem que cuspiu e o homem que recebeu o cuspe, ambos não estão mais aqui. Então, agora vamos falar sobre outra coisa."

pxhere

pxhere

A história ensina que a pessoa honesta que está certa não precisa reagir às ofensas, porque elas são o fruto daqueles que têm uma imagem distorcida da realidade. Portanto, não dê importância, permitindo que altere seu equilíbrio psicológico. Tudo é mutável e é preciso ter inteligência para entendê-lo, e não ficar com raiva de algo que não existe mais no presente.

Para esse fim, pode ser útil adotar a técnica da "aceitação radical": desenvolvida pela psicóloga Marsha M. Linehan, da Universidade de Washington, que implica deixar de lado os julgamentos. De fato, se alguém nos ofende é porque esperamos algo bem diferente. Assumindo o que aconteceu, sem fazer juízos de valor, a distância psicológica nos protege de uma situação que pode nos prejudicar emocionalmente.

Um conceito universal, e talvez mais claramente compreensível com as palavras do Buda.

Advertisement